sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

De que rostos é feito o mundo - Parte II


O Amir passou alguns momentos connosco junto às Pirâmides, no Egipto.. Embora aceite que estes homens tenham que ganhar a vida nem que seja a passear os turistas em cima de camelos junto a um dos monumentos mais conhecidos do mundo, mas normalmente não gostamos muito de alinhar neste tipo de actividades demasiado concebidas para o turismo de massas. É interessante contornar mais do que uma vez o monumento ancestral; há que  vê-lo de várias perspectivas e com diferentes ângulos de luz; subir os degraus de pedra e até sentir com as mãos a textura rugosa e quente das suas paredes; fechar os olhos por momentos  sentir a morte e a vida no mesmo prato da balança. As Pirâmides, lugar construído para os mortos, que no entanto são aqui depositados como se as suas vidas continuassem. Mas isto já sou eu a divagar...estava a falar do Amir. Dar um passeio de camelo pelas dunas que alicerçam as Pirâmides, simplesmente não fazia qualquer sentido para nós...era até quase como delegar aquele indescritivel monumento para segundo plano, e portanto às primeiras investidas do Amir, recusámos convictamente o passeio que tanto nos desagradava. Mas o Amir com o seu sorriso simpático não desarmou e de uma forma inteligente conseguiu convencer-nos, dizendo para vermos bem, pois o seu camelo chama-se Charly Brown e é nada mais nada menos que o camelo aparece na capa do Lonely Planet que eu segurava nas mãos.
E lá fômos nós com o Amir e o Charlie Brown dar um passeio pelas dunas que circundam as Pirâmides. Ficamos a saber que o Amir, rosto sem idade, é casado e vive com a mulher, os filhos e mais uns quantos familiares na mesma casa. Trabalha para proporcionar um futuro melhor aos seus filhos, para estudarem. Ele não estudou, mas aprendeu o inglês com os turistas. O Amir podia ter mais mulheres, mas ele não quer...mas se por acaso até pensasse nisso, sería uma estrangeira que não falasse árabe. " E porquê?", perguntamos. "Porque assim ela e a minha outra esposa não se entendiam e não havia intriguas nem problemas!"
Antes de nos despedirmos, o Amir lança-nos um aviso tipo daqueles "quem te avisa teu amigo é..." : "Tenham cuidado com os egipcios, eles estão sempre a tentar tirar dinheiro aos turistas, a vender coisas...quando fôr assim digam que são turcos, porque nenhum egipcio fala turco..."
"Amir, então mas tu tambem te mesteste connosco...!" exclamamos a sorrir.
E lá segue o Amir, com o pachorrento Charlie Brown, a pensar nos proximos estrangeiros a quem "tirar" dinheiro.






Será o Charlie Brown???

Ehehehe, o camelo mais famoso do Egipto!!!















Em Luxor, ainda no Egipto, enquanto aguardávamos a chegada da camioenta que nos levaría até Hurghada, tivemos direito a musica ao vivo.





É Sábado. Estamos no Cairo. Uma familia egipicia passa por nós.







Se só pudesse viajar para meia duzia de lugares no mundo, um deles sería indubitávelmente a Amazonia. A Reserva Cuyabeno em plena Amazónia equatoriana, há-de fazer para sempre parte das minhas memórias, como sendo aquele lugar no fim do mundo, onde dormi numa cabana de madeira com uma janela sem vidro, e uma portinhola até meio do corpo, em vez de porta, e sem luz e sem água quente. Esta familia que partiu connosco por três dias, juntamente com os Guias, preparava as nossas deliciosas refeições, e à luz de velas quando a escuridão avassalava por completo a floresta.
Que falta fazem os automóveis, os telemóveis, os computadores, as televisões...quando durante a noite podemos disfrutar de uma sinfonia dada pelos animais que por aqui habitam: jacarés, anacondas, insectos, etc etc ?
Há de facto experiências e momentos na vida  que são unicos...e este tão simples, o de estar deitado a ouvir unicamente os sons produzidos pelos animais e é efectivamente extraordinário. 
Os três dias que passámos na Amazónia fez-me pensar mais uma vez que por um lado o progresso nos trouxe coisas muito uteis e práticas, mas por outro nos tirou a magia do silêncio e as canções da Natureza. Por isso, há que regressar a um sitio como a Amazónia para apreciarmos a magia do silêncio e as cantigas da floresta.















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