Daqui a alguns anos você estará mais arrependido pelas coisas que não fez do que pelas que fez. Então solte suas amarras. Afaste-se do porto seguro. Agarre o vento em suas velas. Explore. Sonhe. Descubra. By Mark Twain.
sexta-feira, 17 de outubro de 2014
sexta-feira, 10 de outubro de 2014
quinta-feira, 9 de outubro de 2014
Chennai - Mysore
30 de Setembro - Shatabdi Express para Mysore
Em Mamallapuram adormecia ao som das ondas, na estação de Chennai ia dormindo com os anúncios na língua tâmil ao que presumo serem saídas de comboios e informações sobre plataformas, alternadas com pequenos trechos de musica clássica, tipo valsa. Vem à minha mente a confusão que deve continuar noite fora no piso de baixo e como esta musica tranquila, alegre e descontraída parece algo de burlesco e irónico.
O comboio sai às seis da manhã, é confortável, espaçoso e servem pequeno-almoço e almoço que está incluído no preço do bilhete. Cerca de 6 ou 7 horas depois estou a chegar a Mysore emais uma vez mudo de Estado, passo de Tamil Nadu para Karnataka, em vez da língua tâmil, passo a ouvir kanadá, a lingus oficial de Karnataka. Estamos em, plenos festejos do Dushera, muito celebrado em Mysore, festival que celebra a vitóriade de Ram sobre o demoníaco Rei do Sri Lanka que lhe raptou a mulher., e muitos indianos de outras cidades e outros Estados vieram passear e assitir a um dos momentos altos do festival nesta cidade, a iluminação do Palácio Real.
Fico instalada no Hotel Grand Inn e embora não seja um hotel de luxo, mas é também a antítese do dormitório onde passei a noite anterior. Os hotéis da cidade estão quase todos cheios. O Grand Inn está muito bem, localizado, a cerca de 5oo m do Palácio e também muito próximo do Grande Mercado.
O Palácio é imponente e aproveito o fim da tarde para o visitar. Tenho que o contornar, até dar com um dos 4 portões e único que está aberto para as visitas. Neste percurso conheço o Sachu, consultor e os 2 amigos, que vieram de Hyderabad e na bilheteira como não tenho troco, oferece-me-me o bilhete...como indiana, Na realidade os indianos pagam 10 rupias enquanto que os estrangeirtos pagam 250 rupias. Pergunto ao Sachu como é que vou passar pelo funcionário à entrada do Palácio, mas ele apenas me diz para os seguir. Tal como eu esperava, o funcionário questiona-me porque tenho um bilhete de indiana, ou seja, a coisa deu para o torto. Não sei que explicação o Sachu deu ao funcionário mas acabou por dar meia volta e ir comprar-me o bilhete para estrangeiros. Visitamos o Palácio juntos e cada sala que atravessamos dá lugar a um esgar de admiração. Cada sala é mais bonita que a outra, pilares esculpidos , pinturas e quadros que adornam as paredes, tapetes cravados com pedras preciosas.
Fora do Palácio decorrem os preparativos para o Dushera. Estão a montar um palco e fico a saber que vai haver um espectaculo de musica tradicional indiana. Também estão a colocar cadeiras de plástico.
No inicio da noite quando volto, ainda assisto um pouco ao concerto de musica tradicional e de repente a meio de uma musica, o Palácio transforma-se num arraial de luz. Tudo à volta do Palácio e pela cidade fora está com iluminações e as ruas inundadas por gente. Vive-se o Dushera. A Vitória do Bem sobre o Mal.
Palácio Real à noite |
Palácio Real em Mysore no festival do Dushera |
x
Iluminações do Dushera vistas do Restaurante |
domingo, 5 de outubro de 2014
Chennai.
29 de Setembro - Um dia na estação
De manhã, às sete, estou de novo a
tomar banho toda vestida. O céu tambem vestiu uma neblina, mas nem
por isso a temperatura arrefeceu.. Não tarda muito, vejo as miudas
indianas a descerem os degraus que do rés do chão da guesthouse, já
meio degradados, dão acesso à praia. Já não sou a unica dentro de
água. Elas chapinham todas contentes da vida, enquanto o pai as
vigia da varanda, e pouco depois a mãe já desce tambem para o
areal. Trocamos os habituais cumprimentos e sorrisos e volto a sentir
o desconforto da roupa molhada e salgada no corpo.
Ao meio dia faço o check-out e apanho
um riquexó até à estrada onde há-de passar a camioneta para
Chennai. A camioneta vem atolada e consigo um lugar exiguo ao lado de
uma familia com uma criança pequena, mas o meu corpo está metade no
banco e metade fora. A viagem até Chennai demora cerca de 2 horas,
mas metade do termpo é para atravessar a cidade que parece que não
tem fim. São ruas, avenidas, viadutos, sempre num frenesim constante
de veículos e pessoas. E que a cidade me perdoe se estou a ser
injusta, mas fico alividada por não passar tempo neste caos. Aliás,
o meu dia bem se podia chamar “Estação de comboios”, tal como o
“Aeroporto” do Tom Hanks. Chego às 14.30 à caótica estação
central e o meu objectivo é pernoitar aqui mesmo para às 6 da manhã
do dia seguinte partir no Shatabdi Express até Mysore, já no Estado
de Karnataka.
Carreagadissima com as mochilas dou
algumas voltas à estação, perguntando aqui e ali, até dar com os
Retiring Rooms que são no
piso superior. O funcionário anuncia que os quartos privados estão
cheios e para ficar no dormitório, só devo aparecer por volta das
19 horas.
Primeira
coisa a fazer: livrar-me do peso e procuro o depósito de bagagens,
mas dizem-me que primeiro a bagagem tem que passar pelo tapete da
segurança electronica, que é do outro lado da estação. Cumprido o
procedimento, liberto-me finalmente da mochila e vou sentar-me na
sala principal, uma divisão enorme repleta de pessoas que stão
sentadas nas cadeiras, estendias no chão, em pé, de um lado para o
outro...uma verdadeira massa humana que chega a confundir os
sentidos. Como aqui não há ar condicionado, depressa me sinto
desconfortável sentada na cadeira que ainda por cima é
escorregadia. Depois de deambular mais um pouco pela estação
descubro uma sala reservada com ar condicionado a pagantes, 30 rupias
por hora e as seguintes 20 rupias cada. Fico aqui uma hora e
começo a ter fome. Há algunsa sitios onde comer: uma cantina,
algumas banquinhas que vendem comida empacotada e salgados e doces
com moscas famintas, e descubro um restaurante vegetariano com piso
superior com cadeiras e mesas com bastante gente. Há muita gente,
quer sentada nas mesas a devorar thalis com as mãos, como empregados
que eficientemente vão servindo e recolhendo loiça. Peço um
biryani de vegetais que vem bastante picante. Entretanto sentam-se à
minha mesa a Issta e o marido que são de Chennai. A Issta mete logo
conversa comigo, com as perguntas habituais, como me chamo, o que
estou a fazer na India, se estou sozinha, se estou a gostar, qual a
minha profissão...
Dou
mais algumas voltas e a confusão de gente é efectivamente grande.
Estamos no Dushera, um festival religioso que dura 10 dias e muita
gente está de viagem. Quando são quase sete horas.vou recolher a
mochila e volto a subir ao segundo piso, e o funcionário diz-me que
não estou a cumprir com o que me disse, estar ali às 20 horas...Das
19 passou para as 20. Fico desmotivada. Indica-me a sala de epsera
logo ali ao lado, só para mulheres. Arrasto-me até lá, mais uma
sala com cadeiras de plástico, mas uma varanda muito agradável, mas
está tanto calor que me sento na cadeira à espera. As mulheres
conversam, carregam telemóveis nas tomadas à entrada da sala,
dormem e há a Merin de 14 anos que me vem pedir àgua. Ficámos a
conversar até às 20. A Merin diz
que mãe que està deitada mais à frente a dormir foi furtada na
viagem de comboio anterior enquanto dormia. Agora estão mais umas
quantas horas à espera de outro comboio. Estão a aproveitar os
feriados religiosos para viajar até Kerala para passear e visitar
familia, ela, a mãe, o pai que está lá fora e a irmã de 16 anos
que está na varanda. A Merin parece ser muito inteligente, gosta
muito de ler e faz-me questão de mostrar os 2 livros que trouxe
consigo e ainda confidencia que ali perto da estação há um par de
ruas só com livrarias. “É uma tentação!”, exclama
entusiasmada. Quer saber se no meu País, podemos escolher os
namorados e diz que na India não é possivel, mas que tem sorte,
porque os pais são de mente muito aberta e por isso ela não vai ter
esse problema, aliás confidencia-me ainda em tom mais baixo que já
teve um namorado lá na escola, mas que agora não se falam. Ficamos
mais de 1 hora à conversa.
Às 20
horas consigo finalmente o quarto no dormitório, um cubiculo com uma
cama muito estreita encostada à parede, por baixo de uma ventoinha e
um aparelho de ar condicionado, separado do outro cubiculo por uma
parede que não chega ao tecto. Para alem dos cubiculos, há a casa
de banho e a sala do chuveiro. Por 265 rupias, não podia exigir
mais...
Camioneta de Mamallapuram para Chennai |
Estaçao Central em Chennai |
Issta e o marido no Restaurante da Estação |
Estação de Chennai |
Dormitório na Estação de Chennai |
quinta-feira, 2 de outubro de 2014
Mamallapuram
28 de Setembro - Mamallapuram,
São mágicas as noites dormidas neste lugar. Está mesmo em cima do mar, é quase como se tivéssemos num barco e o mar não tem dó nem piedade quando rebenta no areal e nas rochas que separam a guesthouse dele e durante a noite é esse som que me embala o sono, som forte e rude, mas ao mesmo tempo apaziguador.
As sete da manhã, já o Sol acordou há um bom pedaço, arrojado,que de tímido nada tem este Sul Indiano. Tinha combinado com a Sara e o Tobi tomarmos banho juntos, mas o casal deixou-se dormir e quem me faz companhia nos mergulhos matinais é a família indiana do outro quarto. O pai está em calções e tronco nu, mas a mãe e as filhas completamente vestidas. As garotas estão muito entusiasmadas e saltam para dentro de água aos risos, chapinham, empurram-se uma à outra e até convencem a mãe a entrar na brincadeira.ortável.
Faço como elas, entro na água vestida, com umas bermudas e um top. A temperatura é irresistível, apesar de a corrente ser um pouco forte, mas a roupa cola-se ao corpo e pouco depois torna-se um pouco desconfortável. Sento-me nas rochas e observo a os meus vizinhos de Chennai. O pai já se retirou para o quarto; a mãe vigilante observa as filhas também sentada numa rocha e parece-me que as miúdas não se sentem minimamente desconfortáveis com as roupas molhadas pois não saem da água.
Quando vou tomar o pequeno-almoço ao restaurante do guesthouse situado no terraço, cruzo-me com a Sara e o Tobi que estão quase de saída, para Pondicherry e acabamos por comer juntos e partilhar mais umas conversas.
Depois da despedida também saio, mas para conhecer os templos. Alcanço rapidamente pela praia o Shore Temple, todo escavado na pedra, e a sofrer as amarguras de uma vida inteira virada para o mar, cada vez mais próximo dele. É um templo pequeno mas ricamente esculpido, e nasceu no sec. VIII. Aprecio os três altares, dois deles dedicados a Shiva e um a Vishnu deitado a dormir. Uma fila de Nandis, o touro, veículo usado por Shiva, contorna de uma forma vigilante o belo templo. Há muitas famílias indianas a deambularem por aqui e uma delas vem pedir-me para tiramos uma fotografia juntas.
No centro da cidade, e aqui faz-se tudo muito bem a pé, pois é uma cidade de pequenas dimensões, passo por uma manifestação. Ao que parece, uma ministra foi detida em Bangalore e tem sucitado vários protestos em Tamil Nadu, mas não sei os pormenores.
Em Mamallapuram há uma rua e depois mais uns quantos becos virados para o turismo mochileiro, com muitas casas coloridas a servirem de guesthouses, restaurantes e lojas de souvenirs, no entanto, poucos estrangeiros vejo, mas sim mais turistas indianos.
Almoço no Restaurante Gecko e a esta hora já o calor é sufocante, mas ganho coragem para visitar o Mamallapuram Hill e os 5 Rathas.
O Mamallapuram Hill é uma colina ocupada por pequenos monumentos escavados na pedra. A atracçao princpal parece ser a Butterball, uma pedra imensa que parece estar suspensa e rolar pela ravina a qualquer momento, mas a verdade é que já lá está há muitos anos e acaba por proporcionar sombras muito agradáveis a quem se senta debaixo dela a esta hora de um Sol impiedoso.
Há muitos vendedores de pedras por aqui. Vendem pedras do deus Ganesha, do Sol, dos animais, para adornar cordões à volta do pescoço, mas a ambição maior é convencer as pessoas a vistarem as lojas onde ganham comissões, e convencê-las a levar estátuas maiores. Há dezenas de lojas, lado a lado a venderem estas estátuas de pedra e mármore, e homens estão lá dentro ou à porta a esculpir mais trabalhos.
Outra peça emblemática de Mamallapuram Hill é o Arjunas Penance, um trabalho incrível esculpido todo ele em pedra que representam cenas da Mitologia Hindu e do dia a dia da vida no Sul da India.
Passo por mais lojas de pedra e mármore, ouvindo o martelar na pedra, até chegar às 5 Rathas, que significa carruagens, todos esculpidos em pedra bruta. Cada um destes 5 monumentos do sec VII, foi dedicado a um deus Hindu, mas agora recebe o nome dos Pandavas, os cinco irmãos heróis de uma das histórias mais envolventes para os Hindus, o Bhagavad Gita.
Volto para o guesthouse e da varanda vejo alguns surfistas no meio da sondas, bem como muitas famílias indianas. É domingo e o prazer de um fim de tarde na praia é comum a todas as nacionalidades.
Onde estavam a Sara e o Tobi, agora esta um senhor, tambem alemão que está a fazer voluntariado nas aldeias aqui próximas, que são muito pobres.
Volto a adormecer com o mesmo som inquietante e ao mesmo tempo reconfortante das ondas do mar a arrebentarem no areal debaixo da varanda.
Praia de mamallapuram |
Shore Temple |
Shore Temple |
Bola de pedra suspensa em Mamallappuram Hill |
5 Rathas |
Templo em Mamallapuram Hill |
Vista do Shore Temple |
Pondicherry - Mamallapuram
27 de Setembro
De manhã, a Lisa conta-me como foi a meditação e fico com pena de não ter podido assitir. Conta-me que todos se sentaram num pátio exterior dentro do ashram com plantas e árvores e que os vinte minutos de meditação se resumiram a isso mesmo: unicamente meditar, todos sentados de olhos cerrados numa viagem dentro de si mesmo sem qualquer orientação ou instrução.
Despeço-me da Lisa, que entretanto me conseguiu uma reserva num sitio que adorou em Mamallapuram de onde veio.
Apanho mais uma camioneta, esta um pouco em melhor estado que as anteriores, com vidros e bancos ligeiramente mais confortáveis. A viagem não é muito longa, são cerca de duas ou três horas. A estrada segue junto à costa e a paisagem é tropical com muita vegetação densa e um palmeiral vasto. A camioneta para na estrada à entrada da pequena cidade e poucos metros depois de sair dela, apanho um autorriquexó até ao Sri Harul Guesthouse, que a Lisa me fez o favor de reservar em Pondicherry. É o próprio dono que me vem receber, simpático e descontraído e mostra-me o quarto e fico logo satisfeita. É um quarto simples mas com uma varanda mesmo sobre o mar e a vista é impressionante. Do lado direito o areal estende-se até ao Shore Temple, situado mesmo sobre o mar e do lado esquerdo a praia a perder-se de vista ocupada com os barcos dos pescadores e abrigada pelo palmeiral. Alguns surfistas desafiam a corrente que parece um pouco forte e alguns banhistas indianos também tomam banhos, as mulheres mais vestidas do que eles, mas todos muito bem dispostos com a temperatura morna das águas.
O meu quarto está encaixado no meio de dois, e porisso tenho uma varanda de cada lado. De um lado, está uma família indiana de Chennai, um casal com duas filhas que chegou pouco tempo depois de mim e parece combinado, o casal da outra varanda, jovens alemães, a Sara e o Tobi, também chegaram quase na mesma altura.
O Tobi parece exausto e dorme no chão da varanda, enquanto ela me vai contando que chegaram há três dias à India e que estão no incio de uma viagem de quatro meses. A India não é novidade para a Sara, que fez voluntariado durante alguns meses em Auroville, e agora está a regressar para passear e visitar alguns amigos que fez durante esse tempo, mas a viagem deles ainda há-de passar pelo Nepal e Nova Zelândia.
Vou dar um passeio pela praia até à vedação que cerca o Shore Temple. Durante o caminho sou abordada por várias pessoas, que me querem vender colares e pulseiras, ou simplesmente saber de onde sou e como me chamo. Junto ao templo, um homem sai de uma loja que vende sobretudo estátuas em pedra, quase todos deuses, e convida-me a ir visitar o "Museu"... Sinto-me cansada com o calor e a humidade e a persistência dos vendedores e regresso ao guesthouse e na varanda combino jantar com a Sara e o Tobi no restaurante do terraço do mesmo.
Comemos, conversamos, jogamos dados e cartas, enquanto a noite engoliu por completo a praia, e não fosse o som poderoso das ondas a bater no areal, até duvidaria da sua existência ali mesmo ao lado.
Varanda do quarto do guesthouse |
Vista da varanda do quarto...com o Shore Temple na encosta |
Jantar com a Sara e o Tobi |
Vista da varanda, o mar como chão
Barcos de pescadores na praia de Mamallapuram |
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