quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Mamallapuram

 

 

28 de Setembro - Mamallapuram,
 
 
São mágicas as noites dormidas neste lugar. Está mesmo em cima do mar, é quase como se tivéssemos num barco e o mar não tem dó nem piedade quando rebenta no areal e nas rochas que separam a guesthouse dele e durante a noite é esse som que me embala o sono, som forte e rude, mas ao mesmo tempo apaziguador.
As sete da manhã, já o Sol acordou há um bom pedaço, arrojado,que de tímido nada tem este Sul Indiano. Tinha combinado com a Sara e o Tobi tomarmos banho juntos, mas o casal deixou-se dormir e quem me faz companhia nos mergulhos matinais é a família indiana do outro quarto. O pai está em calções e tronco nu, mas a mãe e as filhas completamente vestidas. As garotas estão muito entusiasmadas e saltam para dentro de água aos risos, chapinham, empurram-se uma à outra e até convencem a mãe a entrar na brincadeira.ortável.
Faço como elas, entro na água vestida, com umas bermudas e um top. A temperatura é irresistível, apesar de a corrente ser um pouco forte, mas a roupa cola-se ao corpo e pouco depois torna-se um pouco desconfortável. Sento-me nas rochas e observo a os meus vizinhos de Chennai. O pai já se retirou para o quarto; a mãe vigilante observa as filhas também sentada numa rocha e parece-me que as miúdas não se sentem minimamente desconfortáveis com as roupas molhadas pois não saem da água.
Quando vou tomar o pequeno-almoço ao restaurante do guesthouse situado no terraço, cruzo-me com a Sara e o Tobi que estão quase de saída, para Pondicherry e acabamos por comer juntos e partilhar mais umas conversas.
Depois da despedida também saio, mas para conhecer os templos. Alcanço rapidamente pela praia o Shore Temple, todo escavado na pedra, e a sofrer as amarguras de uma vida inteira virada para o mar, cada vez mais próximo dele. É um templo pequeno mas ricamente esculpido, e nasceu no sec. VIII. Aprecio os três altares, dois deles dedicados a Shiva e um a Vishnu deitado a dormir. Uma fila de Nandis, o touro, veículo usado por Shiva, contorna de uma forma vigilante o belo templo. Há muitas famílias indianas a deambularem por aqui e uma delas vem pedir-me para tiramos uma fotografia juntas.
No centro da cidade, e aqui faz-se tudo muito bem a pé, pois é uma cidade de pequenas dimensões, passo por uma manifestação. Ao que parece, uma ministra foi detida em Bangalore e tem sucitado vários protestos em Tamil Nadu, mas não sei os pormenores.
Em Mamallapuram há uma rua e depois mais uns quantos becos virados para o turismo mochileiro, com muitas casas coloridas a servirem de guesthouses, restaurantes e lojas de souvenirs, no entanto, poucos estrangeiros vejo, mas sim  mais turistas indianos.
Almoço no Restaurante Gecko e a esta hora já o calor é sufocante, mas ganho coragem para visitar o Mamallapuram Hill e os 5 Rathas.
O Mamallapuram Hill é uma colina ocupada por pequenos monumentos escavados na pedra. A atracçao princpal parece ser a Butterball, uma pedra imensa que parece estar suspensa e rolar pela ravina a qualquer momento, mas a verdade é que já lá está há muitos anos e acaba por proporcionar sombras muito agradáveis a quem se senta debaixo dela a esta hora de um Sol impiedoso.
Há muitos vendedores de pedras por aqui. Vendem pedras do deus Ganesha, do Sol, dos animais,  para adornar cordões à volta do pescoço, mas a ambição maior é convencer as pessoas a vistarem as lojas onde ganham comissões, e convencê-las a levar estátuas maiores. Há dezenas de lojas, lado a lado a venderem estas estátuas de pedra e mármore, e homens estão lá dentro ou à porta a esculpir mais trabalhos.
Outra peça emblemática de Mamallapuram Hill é o Arjunas  Penance, um trabalho incrível esculpido todo ele em pedra que representam cenas da Mitologia Hindu e do dia a dia da vida no Sul da India.
Passo por mais lojas de pedra e mármore, ouvindo o martelar na pedra, até chegar às 5 Rathas, que significa carruagens, todos esculpidos em pedra bruta. Cada um destes 5 monumentos do sec VII, foi dedicado a um deus Hindu, mas agora recebe o nome dos Pandavas, os cinco irmãos heróis de uma das histórias mais envolventes para os Hindus, o Bhagavad Gita.
Volto para o guesthouse e da varanda vejo alguns surfistas no meio da sondas, bem como muitas famílias indianas. É domingo e o prazer de um fim de tarde na praia é comum a todas as nacionalidades.
Onde estavam a Sara e o Tobi, agora esta um senhor, tambem alemão que está a fazer voluntariado nas aldeias aqui próximas, que são muito pobres.
Volto a adormecer com o mesmo som inquietante e ao mesmo tempo reconfortante das ondas do mar a arrebentarem no areal debaixo da varanda.
 
 
 
Praia de mamallapuram


 

Shore Temple



 

Shore Temple


 

Bola de pedra suspensa em Mamallappuram Hill


 

5 Rathas


 

Templo em Mamallapuram Hill



Vista do Shore Temple

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