26 de Setembro
Foi
uma óptima decisão ficar no ashram. Para alem de um quarto grande e
limpo, tenho uma varanda com vista para um jardim muito agradável e
bem tratado e mais à frente, separado por uma vedação e um caminho
arenoso, o mar. Para alem disso está situado junto à Avenida
Goubart, ou seja, a avenida que corre pararela à praia e a 2 ou 3
quarteirões do charmoso bairro françês. Ex-colónia francesa,
mantem ainda bastante do seu ar françês, na arquitectura das casas
senhoriais, nas igrejas e até na gastronomia, com algumas
pastelarias que vendem croissants.
O
ashram tem contudo algumas regras. È acima de tudo um lugar de
oração e meditação. Este foi criado por Sri Aurobindo e uma
mulher de origem francesa, a quem chamam de “Mãe”, e com
qualquer outro ashram, não se pode entrar depois das 22.30, não de
pode fumar, beber alcool, tomar drogas, fazer barulho, sobretudo à
noite. No jardim podemos fazer yoga e ainda há uma sala de
meditação, uma sala de leitura e uma cantina arejada de frente para
o mar, onde se podem tomar refeições económicas. A propria dormida
é económica, pago apenas 800 rupias por cada noite.
Algumas
tabuletas com regras vão aparendo pelo caminho ao longo do edificio:
Hoje é um bom dia para deixar de fumar; Poupe água.
Na
cantina enquanto tomo o pequeno-almoço depois de te ter feito yoga
no jardim diante da estátua de um deus hindu, reparo que em cima de
cada mesa está uma tabuletazinha em plástico com o numero da mesa
de um lado e uma frase de Sri Aurobindo do outro: Cada novo
amanhecer é uma possibilidade para um novo inicio; a verdade só
pode ser conhecida no todo.
Pondycherry
é uma cidade agradável. Fora do bairro françês é um pouco mais
confuso mas ainda assim bem mais tranquilo do que as cidades que
visitei anteriormente, e portanto faz-se bem tudo a pé. Do legado
françês fazem parte a Igreja Nossa Senhora dos Anjos, a Catedral e
a Basilica. A igreja em tons de azul celestial, a catedral em dourado
e branco e a Basilica, a mais imponente, em castanho e branco. Na
Basilkica está a decorrer uma missa em tamil. Entro muito
silenciosamente e procuro um lugar com os olhos, mas parece estar
cheia. Há muita gente já sentada no chão. Sento-me tambem. Vários
ecrãs espalhados e afixados nos pilares vão dando imagens mais
proximas do altar enfeitado e do padre de longas barbas grisalhas que
vai dando a missa.
Um
pequeno sacristão, uma criança ainda, está defronte do altar e
escuta atentamente a oração.
A
mesma intensidade com que os hindus sul indianos vivem a
religiosidade, o mesmo se passa com estes cristãos.
Seguem-se
cânticos, oiço um pouco e retiro-me.
Regresso
ao ashram. É dificil de suportar o calor e consigo refrescar um
pouco na varanda, à sombra e a sentir a brisa do mar.
Conheço
então a Lisa. Ao que parece, acabou de chegar e ocupou o quarto ao
lado, e a varanda do quarto dela faz esquina com a minha. É
australiana e anda a viajar por algumas semanas e agora está
sozinha. Combinamos em ir a Auroville por volta das quatro horas.
Auroville é um desse projectos idealistas de vida de acordo com
principios como a paz e harmonia. Mais de 2000 pessoas vivem aí e
60% são estrangeiros e vivem em comunidade, de acordo com principios
tambem ecológicos. Fundada pela “Mãe” em 1968, fica a cerca de
12 km de Pondy e ambas estamos curiosas e expectantes com esta
visita. Mas infelizmente quando vamos saír para a visita, na
recepção informam-nos que já é muito tarde para irmos. Lisa ainda
me tenta a convencer a irmos no dia seguinte de manhã, mas já tenho
planos para seguir para Mamallapuram logo de manhã.
Enquanto
bebemos chá na cantina do ashram, combinamos em ir assistir a uma
sessão de meditação no ashram principal de Sri Aurobindo. É às
19.30, e assim enquanto a Lisa vai passear pela cidade e fazer a
volta que eu fiz de manhã, eu volto para a varanda, mas passado um
tempo, reconheço que estou a abusar da preguiça e resolvo ir a uma
aula de yoga, recomendada pela recepçãp do ashram.
A
vantagem desta cidade e do local onde estou, é que posso fazer tudo
a pé.
Rishi,
assim se chama o local onde se pode praticar yoga e tambem fazer
massagens e tratamnetos de beleza.
Entro
por uma espécie de garagem e uma rapariga pede-me para esperar, mas
aviso que não posso esperar muito, são seis horas e combinei com a
Lisa estar às 19.15 no ashram para a meditação. Ela vai chamar o
mestre de yoga, o Sumesh, de baixa estatura, sorridente e com ar
tranquilo. Subimos uns três ou quatro pisos, até chegarmos a um
terraço amplo e ele de imediato traz duas esteiras e percebo que vou
ter uma aula individual. Está a entardecer e corre uma brisa suave.
Está mesmo um fim de tarde perfeito para o yoga. Observo as antenas
tortas e os cabos enrolados nos tectos dos outros prédios, antes de
me concentrar nos asanas e prayanas que o Sumesh me vai
instruindo. O tempo passa depressa, e tenho que andar em passo rápido
para o ashram. Consigo chegar às 19.30, mas os portões do ashram já
estão encerrados e o porteiro todo vestido de branco avisa-me com
rigor que eu devia ter chegado às 19.15. Fico desiludida e volto
para o ashram pela marginal que a esta hora já está cortada ao
trânsito.
Sexta
feira, fim de dia, e o local está ao rubro. Muitos indianos, casais
e familias e grupos de jovens aproveitam para passear junto ao mar.
Os vendedores, no caminho de terra batida junto ao aglçomerado de
rochas negras que leva ao mar, com os seus carrinhos, vão chamando
os clientes para um gelado, saladas de frutas servidas em copos de
plástico, bebidas e até comida quente.
Volto
à tranquilidade do ashram.
Bairro francês em Pondicherry |
Missa na Basilica |
Avenida Goubert em Pondicherry |
Varanda e jardim do ashram |
Bairro francês em Pondicherry |
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