terça-feira, 30 de setembro de 2014

Pondicherry


26 de Setembro

Foi uma óptima decisão ficar no ashram. Para alem de um quarto grande e limpo, tenho uma varanda com vista para um jardim muito agradável e bem tratado e mais à frente, separado por uma vedação e um caminho arenoso, o mar. Para alem disso está situado junto à Avenida Goubart, ou seja, a avenida que corre pararela à praia e a 2 ou 3 quarteirões do charmoso bairro françês. Ex-colónia francesa, mantem ainda bastante do seu ar françês, na arquitectura das casas senhoriais, nas igrejas e até na gastronomia, com algumas pastelarias que vendem croissants.
O ashram tem contudo algumas regras. È acima de tudo um lugar de oração e meditação. Este foi criado por Sri Aurobindo e uma mulher de origem francesa, a quem chamam de “Mãe”, e com qualquer outro ashram, não se pode entrar depois das 22.30, não de pode fumar, beber alcool, tomar drogas, fazer barulho, sobretudo à noite. No jardim podemos fazer yoga e ainda há uma sala de meditação, uma sala de leitura e uma cantina arejada de frente para o mar, onde se podem tomar refeições económicas. A propria dormida é económica, pago apenas 800 rupias por cada noite.
Algumas tabuletas com regras vão aparendo pelo caminho ao longo do edificio: Hoje é um bom dia para deixar de fumar; Poupe água.
Na cantina enquanto tomo o pequeno-almoço depois de te ter feito yoga no jardim diante da estátua de um deus hindu, reparo que em cima de cada mesa está uma tabuletazinha em plástico com o numero da mesa de um lado e uma frase de Sri Aurobindo do outro: Cada novo amanhecer é uma possibilidade para um novo inicio; a verdade só pode ser conhecida no todo.
Pondycherry é uma cidade agradável. Fora do bairro françês é um pouco mais confuso mas ainda assim bem mais tranquilo do que as cidades que visitei anteriormente, e portanto faz-se bem tudo a pé. Do legado françês fazem parte a Igreja Nossa Senhora dos Anjos, a Catedral e a Basilica. A igreja em tons de azul celestial, a catedral em dourado e branco e a Basilica, a mais imponente, em castanho e branco. Na Basilkica está a decorrer uma missa em tamil. Entro muito silenciosamente e procuro um lugar com os olhos, mas parece estar cheia. Há muita gente já sentada no chão. Sento-me tambem. Vários ecrãs espalhados e afixados nos pilares vão dando imagens mais proximas do altar enfeitado e do padre de longas barbas grisalhas que vai dando a missa.
Um pequeno sacristão, uma criança ainda, está defronte do altar e escuta atentamente a oração.
A mesma intensidade com que os hindus sul indianos vivem a religiosidade, o mesmo se passa com estes cristãos.
Seguem-se cânticos, oiço um pouco e retiro-me.
Regresso ao ashram. É dificil de suportar o calor e consigo refrescar um pouco na varanda, à sombra e a sentir a brisa do mar.
Conheço então a Lisa. Ao que parece, acabou de chegar e ocupou o quarto ao lado, e a varanda do quarto dela faz esquina com a minha. É australiana e anda a viajar por algumas semanas e agora está sozinha. Combinamos em ir a Auroville por volta das quatro horas. Auroville é um desse projectos idealistas de vida de acordo com principios como a paz e harmonia. Mais de 2000 pessoas vivem aí e 60% são estrangeiros e vivem em comunidade, de acordo com principios tambem ecológicos. Fundada pela “Mãe” em 1968, fica a cerca de 12 km de Pondy e ambas estamos curiosas e expectantes com esta visita. Mas infelizmente quando vamos saír para a visita, na recepção informam-nos que já é muito tarde para irmos. Lisa ainda me tenta a convencer a irmos no dia seguinte de manhã, mas já tenho planos para seguir para Mamallapuram logo de manhã.
Enquanto bebemos chá na cantina do ashram, combinamos em ir assistir a uma sessão de meditação no ashram principal de Sri Aurobindo. É às 19.30, e assim enquanto a Lisa vai passear pela cidade e fazer a volta que eu fiz de manhã, eu volto para a varanda, mas passado um tempo, reconheço que estou a abusar da preguiça e resolvo ir a uma aula de yoga, recomendada pela recepçãp do ashram.
A vantagem desta cidade e do local onde estou, é que posso fazer tudo a pé.
Rishi, assim se chama o local onde se pode praticar yoga e tambem fazer massagens e tratamnetos de beleza.
Entro por uma espécie de garagem e uma rapariga pede-me para esperar, mas aviso que não posso esperar muito, são seis horas e combinei com a Lisa estar às 19.15 no ashram para a meditação. Ela vai chamar o mestre de yoga, o Sumesh, de baixa estatura, sorridente e com ar tranquilo. Subimos uns três ou quatro pisos, até chegarmos a um terraço amplo e ele de imediato traz duas esteiras e percebo que vou ter uma aula individual. Está a entardecer e corre uma brisa suave. Está mesmo um fim de tarde perfeito para o yoga. Observo as antenas tortas e os cabos enrolados nos tectos dos outros prédios, antes de me concentrar nos asanas e prayanas que o Sumesh me vai instruindo. O tempo passa depressa, e tenho que andar em passo rápido para o ashram. Consigo chegar às 19.30, mas os portões do ashram já estão encerrados e o porteiro todo vestido de branco avisa-me com rigor que eu devia ter chegado às 19.15. Fico desiludida e volto para o ashram pela marginal que a esta hora já está cortada ao trânsito.
Sexta feira, fim de dia, e o local está ao rubro. Muitos indianos, casais e familias e grupos de jovens aproveitam para passear junto ao mar. Os vendedores, no caminho de terra batida junto ao aglçomerado de rochas negras que leva ao mar, com os seus carrinhos, vão chamando os clientes para um gelado, saladas de frutas servidas em copos de plástico, bebidas e até comida quente.
Volto à tranquilidade do ashram.

Bairro francês em Pondicherry
 

Missa na Basilica

 

Avenida Goubert em Pondicherry

 

Varanda e jardim do ashram


 

Bairro francês em Pondicherry

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